Intermediário

A Edições Membrana foi convidada pela Plana Festival a participar da curadoria da programação e das atividades, além de levar suas publicações e compartilhar as mesas com demais editoras e artistas.


Plana Festival na Cinemateca Brasileira
23 a 25 de março de 2018


A Volta ao Nada é uma edição niilista e autocrítica sobre o próprio fazer artístico. Tudo que foi decidido foi apagado. Tudo que foi contratado será destratado. As regras foram quebradas e os acordos precisam ser revisados.
Em 2018 a programação da Plana foi criada em um novo contexto, por uma comunidade de mais de vinte colaboradores num formato de guerrilha por uma batalha uníssona e leal. Cada membro dessa comunidade desenhou uma atividade que tivesse relação com suas pesquisas e desejos, formando um conjunto múltiplo e sincero. Na sexta edição, a luta continuou, e esse foi o ano em que a Plana contornou para o vazio, convocando uma marcha para a desconstrução de conceitos e regras, voltando para os tempos em que não tínhamos nada e o absoluto era abstração.



A partir do tema da Plana Volta ao Nada, a Edições Membrana criou a atividade Intermediário, que consistiu na exibição do documentário A role play, de Roberto Winter, e a performance da banda Vermes do Limbo, alocadas em um mesmo espaço com uma ação única de 75 minutos na sala de cinema da Cinemateca.

Entre as duas propostas de naturezas diferentes – um instante posterior ao vídeo e anterior à performance – foi idealizado um "corte seco", que originou a publicação Intermediário, com textos de Renata Scovino e Tiago Santinho, bem como o desdobramento da atividade e "transcrição" antecipada de um porvir.

O lançamento da publicação e da atividade Intermediário aconteceu na Plana Festival Internacional de Publicações de São Paulo, edição Volta ao Nada, Cinemateca Brasileira, São Paulo, SP, 23-25 de março, 2018.
Intermediário
Marina Oruê, Douglas Garcia

︎︎︎publicação
16,5 x 22 cm, 28 páginas
impresso em indigo 4 cores
edição de 60 exemplares

fotografia, Douglas Garcia
textos, Renata Scovino, Tiago Santinho
design gráfico, Marina Oruê

︎︎︎cartaz
59,4 x 84 cm
arte, Marina Oruê

︎︎︎atividade
duração, 75 min
exibição do documentário A role play de Roberto Winter e a performance da banda Vermes do Limbo de Guilherme Pacola e Vinicius Patria na sala de cinema da Cinemateca Brasileira para Plana Festival

São Paulo, SP, Março de 2018
Edições Membrana






︎︎︎atividade
Intermediário | A role play de Roberto Winter e Vermes do Limbo


programação Plana "Volta ao Nada"
duração, 75 min
organizador, Marina Oruê e Douglas Garcia / Membrana

A atividade Intermediário ocorreu na sala da Cinemateca Brasileira com a projeção do documentário A role play de Roberto Winter e a performance da banda Vermes do Limbo. A role play é um documentário ficcional islandês que foi desenvolvido para a plataforma de trabalhos de arte aarea. O documentário de 45 minutos investiga os vídeos feitos por um brasileiro que diz ter matado o presidente dos Estados Unidos, abordando questões como a inteligibilidade dos atuais modos hegemônicos de comunicação e aquisição de informação, seus vícios, suas deficiências e suas distorções inerentes, ao mesmo tempo em que os confronta com eventos políticos atuais, modos de ação e seus horizontes (ou a falta deles). No final da projeção houve a performance de aprox. 30 minutos da banda Vermes do Limbo de Guilherme Pacola e Vinicius Patrial, cujo estilo de som peculiar tomou forma a partir da repetição do erro.

agradecimentos, Bia Bittencourt, Renata Teles e toda a equipe da Plana Festival, equipe da Cinemateca, Roberto Winter, Guilherme Pacola, Vinicius Patrial, Renata Scovino e Tiago Santinho
︎︎︎publicação
Intermediário


A publicação é um desdobramento da atividade Intermediário (projeção do documentário A Role play de Roberto Winter e performance da banda Vermes do Limbo de Guilherme Pacola e Vinicius Patrial).

Entre as duas propostas de naturezas diferentes – um instante posterior ao vídeo e anterior à performance – foi idealizado um "corte seco" que originou a publicação Intermediário, com textos de Renata Scovino e Tiago Santinho como "transcrição" antecipada de um porvir.

idealização, Marina Oruê, Douglas Garcia, Membrana
textos, Sortilégios das Contradições Felizes, de Tiago Santinho, e Alucinação Paradoxal, de Renata Scovino
fotos, Douglas Garcia
design gráfico, Marina Oruê

Edições Membrana para Plana Festival
na Cinemateca Brasileira, São Paulo, SP
Março de 2018

Alguns apontamentos de contradições em arte contemporânea e democracia representativa que parecem tão evidentes, não as sendo.


        Uma das contradições é quanto ainda flutua uma certa crença que na política e na arte temos etapas ou coerência em um grande projeto de convencimento quanto a acordos tácitos onde nos deixaríamos seduzir. De forma que fosse possível assim que nos encontrássemos contrariados barrar sua trajetória e desenvolvimento. Hoje berra que vivemos uma confusão "causada" mas que contraditoriamente se apresenta sem definição, trajeto, sem planejamento e assim irreparável.

        O que chamamos arte contemporânea (essa coisa com bula rasgada, esse tempo sem tempo, eterno contemporâneo, um tempo que não age no tempo) não existe tendo como imprescindível essa contradição, porém nela vive confortável.

        É conflituosa a consciência que achamos ter dos desvios, transitoriedades e estratégias furtivas propositais ou não do "poder" (desvios, transitoriedades e estratégias furtivas que deveriam ser associados a uma cultura contestatória alimentada por vários clérigos libertários); e a consciência de nossa inoperância diante destas e ao mesmo tempo uma espera ciente e resoluta (das delícias da irresponsabilidade) muitas vezes constrangedora.

        Outra contradição que resiste é ainda uma outra fé meio milenarista de um possível tudo destruído e recomeçado. Que em algum momento a máquina malvada vai fundir e a "coisa" voltará a não nos aterrorizar a cada passinho do romano.



S  O  R  T  I  L  É  G  I  O  S
D  A  S
C  O  N  T  R  A  D  I  Ç  Õ  E  S
(F  E  L  I  Z  E  S).   
Tiago Santinho 



Mas essa mesma fé sempre regeu nossa viciosa correlação política e religião e nos deixou sequelas imbecis, também aparentemente irremediáveis, onde temos desejo e medo que algo realmente mude, especialmente que mude completamente: melhor suportar uma desgraça que não nos surpreende mais, do que um apocalipse...

        O casamento, por exemplo, de um radicalismo (os tesudos revolucionarismos, intransigências e tals), nostalgia modernista que persiste mantendo vivas pequenas utopia arte/vida, arte/política, arte/desemprego, "empoderamentos" e iconoclastias; e o pragmatismo como o encontrado na teoria institucional da arte, inteligente e lisa o bastante pra não corrermos riscos de uma autodefesa menos especializada e que seria necessariamente mais pertinente às demandas e questionamentos metafísicos ou mesmo os ordinários. A Arte contemporânea parece subsistir das inconveniências dessa incongruência.

        A democracia representativa ou as democracias atuais, "a pior forma de governo, exceto todas... tralalá...", também se alimenta paradoxalmente dessas crenças e suas respectivas falências. Teleológica em eterna frustração de suas próprias prerrogativas e viciada em sua incompletude programática... mas ao mesmo tempo mantendo uma expectativa de mudança...

        Rancière resume: "a realidade do poder do povo vê-se cada vez mais reduzida aos períodos eleitorais, isto é, à escolha, todos quatro ou cinco anos, entre duas versões coloridas de um mesmo programa fundamental". Programa que já há bastante tempo seria o das pautas oligárquicas e corporativas. Fica cada vez mais perceptível também não apenas a escolha entre, mas o revezamento dessas versões de forma a manter sempre uma esperança de "mudança" e não matar maninho de tédio.

        A arte também vive de variações sazonais de temas de interesse para se alimentar das pequenas grandes polêmicas suscitadas por estas. Também para não matar essa gente vestida de preto, superligada e pálida de fastio.

        Mesmo vivendo sobre uma mesma base perversa e fugidia conseguimos nos ludibriar com possibilidades sazonais de mudança mesmo que praticamente natimortas e um auto-engano onde acreditamos saber como suas estruturas funcionam.

        Quando era "noviço" no convento da esquizofrenia elegante vislumbrava algo como uma carreira. Achava que tinha conhecimento e controle sobre as formas de funcionamento do "sistema" e uma esperança mínima em minha relevância como agente transformador ou singular. Acho que essa é uma presunção típica de grande parte dos estudantes de arte, mas que hoje aparece cada vez mais dissimulada. Como se houvesse uma certa vergonha de termos nos apaixonado por um campo tão viciado e tão ambíguo. Um quase academicismo mesclado a sua própria negação em nome de uma crítica perene ao evidente caráter de reféns das pautas de "cultura" obrigatórias em nosso teatro democrático; e um exercício de desencargo de consciência pelos temas acabarem sendo mesmo assim... tão sedutores. Mas que caem em formas de sedução semelhantes às encontradas em nossa "insuspeita" democracia contemporânea.

        Ensejos policiados onde temos justificações seguras para um desentendimento controlado que flerta com "diferentes" promessas dentro da democracia representativa.

        Essa relação de insatisfação e dependência. Na busca de uma auto-imagem que seja lisonjeira, mas que se perturbe. Que possa ser dita um campo de conhecimento e suas competências, mas que ao mesmo tempo se negue enquanto poder institucionalizado.

        Rancière novamente (desculpa gente, citações são atalhos): "O exercício institucional de poder entre os homens funda-se na pressuposição de uma diferença de competência: há os que precisam de ser governados e os que tem a capacidade de o fazer..."

        Há aqueles que precisam de arte (ledo engano) e os que tem a capacidade de produzi-la.

        Desta relação entre competências, parto de uma apropriação completamente equivocada mas que acho funcional, para a ideia de contrapúblico[1]. Que seria esse público de certa maneira inconveniente (mas necessário dentro da lógica "democrática" das roletas) que joga na cara de artistas e instituições artísticas sua autonomia interpretativa e comportamental (no melhor dos casos) ou pura indiferença (no melhor dos casos também... neste caso) e me leva a pensar uma outra circunscrição de campos infeliz.

        Infeliz, pois penso que há um desejo perverso de muitos artistas que se veriam como detentores de uma competência complexa praticamente elitista e o desejo de negá-la ou desconstruí-la. Que almejariam ser seu próprio contrapúblico. Que poderiam colocar à prova também sua maestria numa espécie de ciência das autocontradições: arte não se ensina, não precisa ser compreendida, arte que não se vende, arte não institucional, que é política por natureza, que é política sem sê-la, arte que não é arte, que é "democrática"...

        Artista que se nega ser representante de um grupo definido, ser representante de uma ideia, artista representante da arte, ou mesmo ser representante de qualquer coisa... como se a ideia de contrapúblico flertasse com a ideia de democracia direta em detrimento à representativa.




Outro ponto nascido dessas contradições hoje me parece o raso e a paixão pelo literal. Esse desejo de autonomia institucional e interpretativa leva a uma torrente de apropriações discursivas rasas e literais, o que em hipótese alguma seria um problema desde que exista também uma negação de um essencialismo possível. Uma suspeita das profundidades, um desejo de ser direto que coadune com o de acessibilidade.

        Vi há pouco tempo, em post no Facebook, alguém certamente mais "ressentido" que eu que conseguiu apontar uma propedêutica da poesia falcatrua, mais ou menos assim: você pega um texto qualquer linear (prestes a ser um texto jornalístico), ou quase acadêmico, mesmo que óbvio e redundante, fragmente-o et voilà... tua poesia contemporânea! É isso mesmo! Mas penso ser praticamente impossível não amar, não se deixar seduzir por essa artimanha...

        O que seria um problema é a disjunção entre: a clara performatividade dessa estratégia, a forma como discursos estanques se atualizam, se ordinarizam e assim forjam uma proximidade e abertura; contraposta à estrutura hermética e elitista dos espaços onde se apresentam. Similar à pirraça de uma certa esquerda que pretende transformar ou superar "democraticamente" nossa política viciosa jogando o mesmíssimo jogo de seus opositores ou opressores. Como um artista se colocando como uma espécie de contrapúblico como não sustentasse ou não participasse plenamente da estrutura que renega.

        Coisa de gente doente (brincadeira). Sei que é exagero, mas me soou bem. Não acho necessário acreditarmos piamente naquilo que pensamos.

        Em nossa época do "conteúdo gerado pelo usuário", suportamos com prazer a sofrência do outro lado da democratização da informação. Pois na arte contemporânea temos também uma replicação de estratégias de informação da mídia (de todos os portes para todas as idades mentais) como bem colocado por uma citação encontrada no vídeo A role play de Roberto Winter: "Eles querem que você ache que você é capaz de compreender, e eles fazem isso explicando tudo de um jeito tão idiota que você certamente nunca entenderá nada". Talvez a diferença entre as formas idiotas seja que uma subestima e outra superestima interpretações possíveis.

        Escrevi isso como um rápido desabafo. Falta-me inteligência ou malandragem necessária para algo mais profundo que isso no momento. Além de ser difícil o distanciamento possível para juízos acurados. Desde que enfiado nisso também.

        Os entraves em nossa relação cada vez mais complexa e insatisfatória com essa disforme e traiçoeira democracia que vivemos e que parecem insuperáveis, mas apesar disso: "A pior forma de governo, exceto todas.. tralalá..." são similares aos de nossa condição de artistas, etc. "sabedores" tateantes, ativistas sonâmbulos e estranhamente teimosos pois vivemos insistindo em sermos facilmente seduzidos e enfeitiçados por tudo o que nisso criticamos.

        As contradições espetacularizáveis da arte e da política mantêm magicamente seus sentidos mesmo não os tendo, e especialmente sendo campos tão contaminados pelo que há de pior nas relações de "saber" e "poder".

        Acho bem redutor argumentarmos que essas contradições sejam estimulantes, como alguma alma bem aventurada poderia supor. Remetem mais a prisões que de tão inescapáveis deixam de ser infernos e se tornam normatizadas. Mas é sempre bom terminarmos com alguma nota[2] mais feliz.



–––––

1        Agradecimento ao querido Diogo de Moraes por ter me apresentado o conceito de contrapúblicos.
2        Sortilégios das contradições (felizes).







Alucinação Paradoxal.

Renata Scovino


Arte é calúnia.
Imagens são ações.
Acasalamento: o maior número
de imagens fixas num só segundo.
Corpos fraturados.
Diabólicos.

Formas deformantes.
Passagens de intensidades.
Acúmulo.
Desmoronamento.
Gestos cegos.
Percursos sem referência.

Ações cotidianas em ritmos opostos.
Repetições estranhas e verdades
que não se espelham.

O que está diante dos seus olhos é uma paisagem monótona, interrompida apenas por uma cratera ocasional:



««« O Sequestro do voo 375 foi uma ação de sequestro ocorrida no voo 375 da VASP em 29 de setembro de 1988 por Raimund Nonato Alves da Conceição, que tinha como objetivo colidir o avião (com 98 passageiros e 7 tripulantes a bordo) contra o Palácio do Planalto em Brasília. O voo, numa aeronave Boeing 737-300, partiu de Porto Velho rumo ao Rio de Janeiro, fazendo escalas em Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. Na fase final, entre a capital mineira e o Rio de Janeiro, o avião foi sequestrado e desviado para Brasília. O sequestro não teve êxito e a aeronave acabou pousando em segurança em Goiânia. A única vítima fatal em decorrência do sequestro foi um dos copilotos, Salvador Evangelista.

Fernando Murilo de Lima e Silva, o piloto que evitou a tragédia, foi homenageado em outubro de 2001 pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas e recebeu o troféu Destaque Aeronauta por ter evitado a morte dos quase cem passageiros que estavam a bordo do Boeing 737.



Zonas de ressonância.
Gênese dos fantasmas.
Alucinação paradoxal.

A delicadeza é um artifÍcio
da imaginação.

O que é boca num nível,
é ânus no outro.

Fluxo aberto.
Velocidades extraordinárias.
Monólogos simultâneos.
Emergência permanente.

Volta sem fim.


O maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição nasceu em Vitorino Freire, vindo de uma família pobre do interior do Pará e era considerado calmo. Trabalhou como tratorista em várias empresas de construção. Na época com 28 anos, havia perdido seu emprego na construtora Mendes Júnior em Minas Gerais. No final da década de 80, o Brasil enfrentava uma péssima fase econômica com elevados índices de desemprego e inflação. Raimundo decidiu punir quem achava ser culpado pela má situação pela qual ele e o País passavam: o então presidente da República, José Sarney, lançando um avião contra o Palácio do Planalto, onde fica o Gabinete Presidencial.

Raimundo comprou um revólver calibre 32 e embarcou no voo VP-375. É importante ressaltar que na época, aparelhos de raios-X e detectores de metal não eram utilizados para verificar bagagens no Aeroporto de Confins, o que permitiu a passagem livre do passageiro. O voo, que vinha de Porto Velho e fazia escala em Belo Horizonte, decolou às 10h42 e cerca de 20 minutos após a decolagem, com o avião já no espaço aéreo do Rio de Janeiro, Raimundo Nonato anunciou o sequestro: disse que queria entrar na cabine e baleou Ronaldo Dias, um comissário de bordo, quando este tentou impedi-lo. Disparou várias vezes contra a porta da cabine, a arrombou e entrou.

Ao entrar, Raimundo baleou o engenheiro de voo, Gilberto Renher, que teve a perna fraturada pelo tiro. Sem que o sequestrador percebesse, o piloto Fernando Murilo de Lima e Silva acionou pelo transponder o código 7500, que na linguagem da aeronáutica, indica interferência ilícita (sequestro). Quando tentava atender à resposta do Cindacta pelo rádio, o copiloto Salvador Evangelista foi baleado pelo sequestrador e morreu na hora. Em seguida, Raimundo apontou o revólver para o piloto e exigiu que a aeronave fosse desviada imediatamente para Brasília.

Raimundo acabou desistindo de jogar o avião contra o Palácio do Planalto, mas impediu o comandante de pousar a aeronave quase sem combustível no Aeroporto Internacional de Brasília e na Base Aérea de Anápolis.

O voo prosseguiu para Goiânia, acompanhado por um caça da FAB pilotado pelo tenente Walter Ricardo Gallette. O pouso em Goiânia, no Aeroporto Internacional Santa Genoveva aconteceu às 13h45. Em terra, o sequestro e as negociações continuaram por várias horas. O sequestrador chegou a exigir um avião menor para fugir, mas por volta das 19h, quando descia a escada do avião usando o comandante como escudo, acabou sendo baleado três vezes pela equipe de elite da Polícia Federal. Morreu dias depois, vítima de uma infecção por anemia falciforme, sem relação com os tiros, segundo o legista Fortunato Badan Palhares. »»»



O contra-revolucionário crítico.
O contra-revolucionário sabotador.
O contra-revolucionário conspirador.

O pseudo revolucionário pedante.
O gângster pseudo-revolucionário.
O psicopata pseudo-revolucionário.

Homo politicus.

O conceito de desgraça.
O conceito de infelicidade.


Foi horrível, ainda mais horrível por ser encenação.


O que come comigo.

O que come na minha terra.

O que come na outra terra.


A nenhum atacou antes de ser atacado.

O Hércules volta pra dentro do seu natural e se apresenta tal qual na realidade foi: homem como em geral os homens, cheio de valor e de fraquezas, de abnegação e de egoísmo. Morreu como um moribundo vulgar.

A seu pedido, deram-lhe sepultura debaixo do arco do cruzeiro da matriz. A companheira não demorou muito em partir também, recomendou no seu testamento que a enterrassem no mesmo lugar e, assim, a virtuosa esposa tão lesada em vida, quis compensar-se na morte.

Em memória vivem e em sombra pairam.

Do casal nasceram: Violante, Tomásia, Francesca, Justine, Escolástica, Maria Madalena, Bárbara, Gertrudes e José.

A antítese
sucesso X fracasso.
A antítese
otimismo X pessimismo.
A antítese
prazer X dor.
A antítese
euforia X depressão.

O pseudo ajuste conformado.
O pseudo ajuste vaidoso.
O pseudo ajuste oculto.
O pseudo ajuste irônico.
O pseudo ajuste magoado.
O pseudo ajuste imbecil.

Informação moral X discriminação ética.
Sinceridade X espírito de sacrifício.
Altruísmo X discriminação ética.