fotografia
Seção, Marcius Galan
Cosac Naify, São Paulo, SP
Junho, 2015
Seção, Marcius Galan
Cosac Naify, São Paulo, SP
Junho, 2015
Ensaio fotográfico de Douglas Garcia a convite de Marcius Galan para a monografia Seção, Cosac Naify, a partir da leitura do texto de Manuel Cirauqui A área de Marcius.
Estou vendo hoje, pela primeira vez, uma fotografia do estúdio de Marcius Galan, reproduzida em uma página de revista. É um espaço relativamente amplo e inundado por luz natural. Parece-se mais com uma sala de visitas do que com a oficina de um escultor – uma sala para realizar testes, cálculos e operações delicadas, como espetar tachi-nhas em mapas e lixar borrachas de apagar cada vez mais diminutas. O estúdio merece ser descrito por muitas razões – a maioria delas intrínseca ao trabalho do artista, e que podem fornecer uma justificativa para chamar essa fotografia de Retrato de grupo. Ferramentas – e este será meu argumento – são personagens, atores de um balé geométrico com o qual identificamos o trabalho. Referir-se a elas como "inanimadas" seria uma simplificação terrível.
Um primeiro olhar para o estúdio revela uma fileira de vasos de planta junto à ampla janela, esboços pendurados nas paredes e ferramentas – a maioria delas também penduradas, classificadas ritmicamente, como em uma progressão. Sob o balcão, ao longo da janela, vê-se um pincel modesto ao lado de uma serra de arco, um serrote de costas, um serrote grande, um par de furadeiras e outro de objetos que se parecem com serras tico-tico ou lixadeiras elétricas. O resto desse arranjo está fora do quadro ou obstruído por cadeiras que parecem posar para a câmera. No alto da parede, há um sortimento de ferramentas mais leves: martelos (um de pé e outro de ponta-cabeça, como se procurassem golpear um ao outro), vários esquadros, réguas e apetrechos similares. Aprumado a um lado da janela e ultrapassando a borda superior do caixilho está um objeto fascinante em forma de "T" que poderia facilmente ser um ready-made, se tivesse caído em outras mãos. Esse gigante está cercado de objetos pequenos demais para serem identificados. Todos eles estão resignada e sonolentamente pendurados em seus pregos.